Todas e todos ao ato em frente ao MASP, às 14h!
O Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras é um dia de luta e resistência! No próximo sábado, 8 de março, tomaremos as ruas para enfrentar a exploração e a violência que marcam nossas vidas e denunciar um sistema que lucra com a desigualdade e a opressão. Convidamos todas e todos os servidores públicos a se somarem ao ato público em frente ao Masp, às 14h. Nossa luta é conjunta: contra os ataques dos governos, a precarização dos serviços públicos e as reformas que penalizam os trabalhadores.
Basta de feminicídio, racismo e exploração!
A realidade das mulheres trabalhadoras segue alarmante no Brasil. Feminicídios, violência doméstica, desigualdade salarial e condições precárias de trabalho ainda fazem parte do cotidiano, enquanto políticas públicas eficazes continuam ausentes. A impunidade e a negligência do Estado ampliam a vulnerabilidade das mulheres, especialmente das negras, periféricas e migrantes.
Dados do Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, em 2022, as mulheres negras representavam 66,4% das vítimas dos 3.806 homicídios registrados pelo sistema de saúde. Nos últimos dez anos (2012-2022), ao menos 48.289 mulheres foram assassinadas no Brasil.
Além disso, as mulheres negras enfrentam os piores índices de desemprego, menores salários e maior exposição a empregos sem carteira assinada e sem direitos, o que as torna ainda mais vulneráveis à violência.
Mulheres trabalhadoras pelo fim da escala 6×1!
A crise econômica também atinge em cheio as mulheres. A inflação dos alimentos, o desemprego e a exploração através da informalidade e do trabalho precário seguem aumentando. Mesmo quando inseridas no mercado formal, as mulheres ainda ganham menos que os homens e enfrentam a dupla jornada, acumulando o trabalho doméstico e de cuidados com os filhos, que deveria ser garantido por políticas públicas de qualidade.
Nesse cenário, a luta pelo fim da escala de trabalho 6×1 e pela redução da jornada, sem redução salarial, torna-se essencial. Não é à toa que, segundo pesquisa do Datafolha, 70% das pessoas que apoiam essa proposta são mulheres, e 64% dos brasileiros defendem o fim desse modelo de trabalho. Além disso, 70% da população considera ideal uma jornada de cinco dias.
Trabalhar seis dias e folgar apenas um tem consequências especialmente duras para as mulheres em razão do acúmulo de responsabilidades. As mulheres dedicam, em média, 20 horas semanais a mais que os homens às tarefas domésticas e ao cuidado familiar, o que compromete sua saúde e qualidade de vida. O impacto é mais severo para as mães solo, que somam cerca de 11 milhões no país, segundo o IBGE.
A escala 6×1 funciona, na prática, como um regime de escravocrata disfarçado, privando a trabalhadora e o trabalhador do direito a uma vida saudável, equilibrada e digna. Os argumentos de que a extinção desse modelo prejudicaria a economia são enganosos – os mesmos usados contra avanços como a CLT e o 13º salário, que hoje são direitos consolidados.
Pelo fim do arcabouço fiscal do governo Lula-Alckmin! Verbas para serviços públicos e não para banqueiros, multinacionais e agronegócio!
O governo Lula, apesar do discurso progressista, mantém uma política de conciliação de classes que favorece o grande empresariado. O ajuste fiscal aprovado no final do ano passado atingiu direitos essenciais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o abono salarial, e os cortes nos investimentos públicos aprofundam a precariedade na saúde e na educação. Tudo isso interfere diretamente nas mulheres trabalhadoras, que são as principais usuárias e funcionárias dos serviços públicos.
No serviço público, a situação é grave. A categoria dos servidores federais continua sem a recomposição salarial necessária, enquanto o governo insiste na negociação em migalhas. A reforma administrativa, que permanece no horizonte, representa uma grave ameaça para o funcionalismo e para toda a população, pois busca privatizar serviços essenciais e eliminar direitos históricos. Para as mulheres, que compõem grande parte da força de trabalho no setor público, esses ataques significam ainda mais precarização e instabilidade.
O sucateamento dos serviços públicos, as privatizações e a retirada de direitos continuam como agenda dos governos, independentemente de sua coloração partidária.
A luta das mulheres e dos servidores públicos precisa ser conjunta, pois estamos do mesmo lado na trincheira contra esse projeto que visa atender aos interesses dos banqueiros, do agronegócio e dos grandes empresários, em detrimento das necessidades da classe trabalhadora.
A crise climática também pesa sobre as mulheres trabalhadoras. A destruição ambiental, a falta de acesso à água e o desmatamento impulsionados pelo agronegócio e pelas grandes corporações agravam a fome e a miséria, afetando especialmente as mulheres empobrecidas que dependem dos ecossistemas para sua sobrevivência. Enquanto isso, governos e empresas priorizam os lucros e ignoram medidas urgentes para conter essa destruição.
A luta das mulheres é internacional!
Em diversas partes do mundo, a extrema direita ataca direitos conquistados com décadas de mobilização. Por outro lado, os governos ditos progressistas também fazem concessões a setores conservadores que constantemente ameaçam direitos das mulheres, negras, negros e a população LGBTQ+.
No Brasil, em nome da governabilidade, o governo Lula coloca em risco pautas históricas do movimento feminista, como o direito ao aborto legal e seguro. Já nos Estados Unidos, ataques ao direito ao aborto e aos direitos trans intensificam a agenda misógina e reacionária do trumpismo. Na Europa, políticas de imigração violentas criminalizam mulheres migrantes, e medidas de austeridade aprofundam a desigualdade.
Ainda no cenário internacional, a guerra na Ucrânia e o genocídio do povo palestino são expressões da barbárie capitalista, impondo miséria e sofrimento à classe trabalhadora, com mulheres e crianças entre as principais vítimas. Segundo a ONU, quase 70% dos mortos na guerra de Gaza são mulheres e crianças.
Sem anistia! Para que não se esqueça! para que nunca mais aconteça! Ditadura nunca mais!
As mulheres sempre estiveram na linha de frente da luta pela democracia no Brasil. Durante a ditadura militar, desafiaram a repressão e enfrentaram a violência do regime, muitas vezes pagando com a própria vida. Ativas no movimento estudantil, em partidos políticos, sindicatos e organizações clandestinas, essas combatentes não apenas resistiram ao autoritarismo, mas também romperam com os papéis que a sociedade lhes impunha. Encararam prisões, torturas e a morte, sustentando uma luta que ecoa até os dias de hoje.
A repressão contra as militantes foi brutal. Muitas foram presas, submetidas a abusos físicos e psicológicos, torturadas, estupradas e mortas. Mulheres grávidas sofreram abortos forçados, mães foram impedidas de amamentar seus filhos, enquanto outras viam seus próprios filhos serem torturados. O regime buscava não apenas reprimir sua atuação política, mas também reafirmar um modelo patriarcal que negava às mulheres o direito à participação ativa na transformação da sociedade.
Nas periferias, as mulheres organizavam mobilizações comunitárias contra a carestia, a falta de moradia e a ausência de serviços públicos essenciais. Em parceria com movimentos sociais e a Igreja Católica, estruturaram redes de apoio que enfrentaram o autoritarismo e contribuíram para a retomada da democracia. Militantes negras tiveram papel essencial nesse processo, desafiando não apenas a repressão do regime, mas também o racismo e a desigualdade social.
A luta por memória, verdade e justiça é um compromisso que atravessa gerações. A Comissão Nacional da Verdade buscou resgatar as histórias das vítimas da ditadura, mas o Brasil ainda convive com as consequências da impunidade. A Lei da Anistia de 1979 permitiu a reintegração de perseguidos políticos, mas também garantiu a liberdade para torturadores e agentes da repressão. Essa falta de responsabilização abriu caminho para que setores conservadores continuassem a exaltar a ditadura e suas práticas violentas. Exemplo disso, são os discursos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou de herói Brilhante Ustra, um torturador que colocava baratas e ratos na vagina das mulheres.
Essa realidade se manifesta no presente. No próximo dia 8 de março, completam-se dois anos e dois meses do ataque golpista em Brasília, quando extremistas tentaram destruir as sedes dos Três Poderes. A conivência de setores militares e políticos permitiu que o episódio ocorresse, demonstrando como a impunidade do passado fortalece novas ameaças à democracia. A tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 não pode ser esquecida nem perdoada.
Setores conservadores tentam mais uma vez impor o esquecimento, propondo a anistia aos responsáveis pelo ataque. Projetos de lei que buscam absolver golpistas, financiadores e militares envolvidos na ação representam um grave risco à democracia. O Brasil não pode permitir que criminosos políticos fiquem impunes novamente.
A história ensina que, quando atentados contra a democracia não são punidos, o autoritarismo encontra espaço para se reerguer. Assim como as mulheres que resistiram à ditadura não aceitaram a opressão, cabe a nós impedir que a impunidade fortaleça novos ataques à liberdade.
A palavra de ordem é clara: sem anistia! Que a memória daquelas que lutaram no passado nos inspire a barrar qualquer tentativa de retrocesso. Ditadura nunca mais!
Ocupar as ruas contra a violência machista e a exploração!
Por tudo isso, neste 8M, o Sindsef-SP e a CSP-Conlutas convocam todas e todos os servidores públicos a ocuparem as ruas! Lutamos por serviços públicos de qualidade, reajuste digno para os servidores, fim da violência de gênero, igualdade salarial, direito ao aborto legal e seguro, revogação das reformas neoliberais e um país onde a vida das mulheres trabalhadoras seja prioridade!
Todas e todos ao ato em frente ao MASP, às 14h! Nossa luta é internacionalista, independente de governos e intransigente na defesa dos direitos das mulheres e da classe trabalhadora!