Conta que inclui precatórios engorda e já chega a R$ 100 bi para 2025

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Um meteoro de cerca de R$ 100 bilhões está indo em direção ao Orçamento de 2025. É o tamanho da fatura que o governo recebeu de despesas com o pagamento de precatórios e as chamadas RPVs (requisições de pequeno valor). Eles terão que ser pagas integralmente no ano que vem.

Foto: Divulgação/STF

São dívidas decorrentes de decisão judicial já definitiva. Portanto, têm tratamento de despesas obrigatórias no orçamento.

Na semana passada, o Ministério do Planejamento havia informado que para 2025 o valor dos precatórios seria de R$ 70,7 bilhões.

Mas a conta ainda não levava em consideração o valor das RPVs, o que foi esclarecido à coluna nesta segunda-feira pelos secretários do Planejamento Gustavo Guimarães (Executivo) e Paulo Bijos (Orçamento Federal).

Os dois secretários calculam que as despesas com RPVs cheguem a R$ 30 bilhões –a média dos últimos anos.

Resultado: a fatura pode até mesmo superar os R$ 100,7 bilhões, se o valor das RPVs for ainda maior em 2025. O valor final ainda não foi repassado pela Justiça ao governo federal.

A conta a pagar é astronômica. É claro que os valores explosivos assustaram o mercado financeiro, porque essa é uma despesa que, ao menos no curto prazo, o governo não tem muito o que fazer. Está de mãos atadas: é pagar ou pagar.

O tamanho da fatura de 2025 é uma prova de que o meteoro dos precatórios do ex-ministro da economia Paulo Guedes não morreu. Está vivo e ainda maior para a impactar o orçamento da União no que vem, já pressionado pelo crescimento de outras despesas obrigatórias.

Os precatórios de 2025 darão um salto em relação e este ano, quando o gasto será de R$ 86 bilhões –R$ 29 bilhões de RPVs.

Na prática, as RPVs também são precatórios. Enquanto o precatório é emitido nos casos de condenações acima de 60 salários mínimos, as RPVs são emitidas para sentenças abaixo desse limite. A maior parte das RPVs é de dívida previdenciária relativa a processos contra a Previdência Social, que quase quadruplicaram em dez anos.

A palavra meteoro para precatórios foi usada pela primeira vez, em meados de 2021, por Paulo Guedes, então ministro da Economia, após receber uma fatura de R$ 89 bilhões do Judiciário para pagar em 2022.

Na época, o míssil disparado pelo governo Jair Bolsonaro com apoio do Congresso para desarmar o meteoro foi aprovar a PEC do Calote.

A emenda aprovada com fins eleitoreiros deu um calote no pagamento dos precatórios, rolando parte do pagamento para os anos seguintes.

O governo Lula costurou um acordo com o STF que permitiu a quitação dos precatórios fora dos limites das regras fiscais. O pagamento dos atrasados ficou conhecido como despedalada dos precatórios.

O acordo permitiu ao governo regularizar o estoque dos atrasados sem infringir as regras fiscais até 2026. As despesas ficam fora da meta fiscal. O processo ainda está em curso.

Para 2025, cerca de R$ 45 bilhões dos precatórios ficarão nessa situação. O valor estimado antes de a conta chegar era de R$ 40 bilhões. Há implicações na meta fiscal de déficit zero do ano que vem.

Com esse aumento dos precatórios, o déficit poderá chegar a R$ 76 bilhões, e mesmo assim, a meta ser considerada cumprida.

O acordo não acabou com o problema fiscal gerado pelo crescimento explosivo deste tipo de despesa ao longo dos últimos anos. A vantagem agora é que o problema não foi empurrado para debaixo do tapete.

Os secretários Guimarães e Bijos dizem que a conta é salgada, mas o governo está tratando de conhecer as razões para diminuir o problema. “Estamos aumentando a transparência, o controle e ação, diz Bijos.

Um Comitê de Monitoramento e Acompanhamento dos Riscos Fiscais Judiciais está funcionando para coordenar medidas de enfrentamento dos problemas antes que virem precatórios. “O tamanho da fatura só reforça a importância do comitê”, diz Guimarães.

O governo terá que correr, se quiserem barrar o crescimento explosivo.

Fonte: Folha de São Paulo (coluna de Adriana Fernandes)

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