O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), responsável por previsões meteorológicas e climatológicas, segurança hídrica e energética, enfrenta um dos maiores desafios da sua história. Prestes a completar 115 anos, o órgão lida com uma grave crise estrutural. Em resposta, os servidores aprovaram um Dia Nacional de Paralisação, marcado para o dia 30 de outubro de 2024.
A decisão vem como protesto às recentes demissões de trabalhadores terceirizados, à redução drástica do orçamento e ao enfraquecimento das operações do Instituto justamente em um cenário de crise climática global.
Em 2024, o INMET recebeu o menor orçamento de sua história, cerca de 25% do valor necessário para o correto funcionamento da instituição, comprometendo a manutenção de estações meteorológicas e a entrega de diferentes serviços no setor. A falta de investimentos coloca em risco a capacidade do país de responder de forma eficaz a desastres naturais. O monitoramento preciso e em tempo real das condições climáticas é fundamental para setores como agricultura, transporte, energia e defesa civil. A redução forçada, portanto, não só inviabiliza o funcionamento do INMET, como também prejudica a economia e a segurança da população.
Demissões e falta de planejamento aprofundam a crise
A situação do INMET se agrava com a demissão de trabalhadores terceirizados, tanto meteorologistas quanto funcionários administrativos que desempenham funções operacionais, como coleta dados, atendimento telefônico aos usuários e envio de materiais para as estações, por exemplo.
Outro ponto crítico é a proposta de reestruturação do Instituto, que prevê a migração dos Distritos de Meteorologia para as Superintendências Federais de Agricultura (SFA’s) como uma pequena divisão ou serviço, sem correlação com a estrutura que a precede. Tudo sendo organizado verticalmente, alijando do processo o corpo técnico do Inmet, que muito poderia contribuir e evitar os graves erros que estão sendo cometidos.
O fechamento das estações meteorológicas convencionais, muitas centenárias, sob a alegação de modernização ou de “digitalizar” a instituição, é outra consequência do planejamento inadequado. As estações convencionais e as automáticas são complementares, cada uma com funções específicas que garantem a precisão dos dados meteorológicos.
Além disso, o patrimônio público referente às estações encontra-se, por vezes, em situação de abandono e entregue ao vandalismo por falta de recursos humanos e financeiros para a sua operação.
Sem um planejamento claro, o órgão caminha para um colapso funcional, com impactos diretos para o monitoramento, a previsão do tempo e consequentemente à sociedade.
Mobilização dos servidores: Dia Nacional de Paralisação
A paralisação de 30 de outubro foi aprovada pelos servidores como um ato de resistência ao desmonte do INMET e à política de desvalorização dos serviços públicos. A mobilização busca alertar a sociedade sobre os impactos da redução orçamentária e pressionar o governo Lula a tomar medidas urgentes para reverter esse cenário de colapso. Se seguir nessa toada, o país corre o risco de ficar cada vez mais vulnerável diante das mudanças climáticas.
Confira as reivindicações dos servidores do INMET:
- Suspensão das demissões do quadro de apoio técnico/administrativo;
- Revogação da Portaria SGP/MAPA nº2 de 03/10/2024; e da Portaria nº 714 (…);
- Regularização dos contratos de todos os terceirizados;
- Por melhores condições de trabalho;
- Encaminhamento pelo MAPA ao MGI do enquadramento dos atuais servidores do INMET na carreira C&T (Portaria nº 5.127 de 13/08/2024);
- Abertura de amplo diálogo institucional com os servidores e com a participação das entidades civis e governamentais de dependência estratégica das informações meteorológicas, para uma reestruturação a favor de toda a sociedade brasileira.