Aborrecido de vendas
cruzo a avenida central como quem deserta.
Amparo a dor que me acomete como a um ancião
e disparo pela calçada um olhar de quem persegue vilanias.
Não passo de passos rumo ao dorso desta manhã
que me apoquenta com marés de corpos e ululares ambulantes.
Ando em busca de um remanso em que me acoste à margem
e possa, no sossego do instante, redesenhar
trajetórias de ir e de estar.
Prossigo pelo calçadão? Fixo-me aqui –
sem sal que me estatue, ou brisa que me leve?
Serei então isso?: rês adejante entre o permanecer e o zarpar
e jamais encontrarei, náufrago,
porto, cais, trapiche, onde ancorar?
Elder Vieira dos Santos
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