O Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de São Paulo) vem a público manifestar total apoio à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), que iniciaram uma greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (30).
Estivemos presentes no ato da categoria hoje em frente à sede da estatal, na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, em São Paulo. A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq), contou com a animada presença de trabalhadores vindos em três ônibus da unidade que a empresa tem em Iperó-SP, o Centro Industrial Nuclear de Aramar.
Os trabalhadores da estatal responsável pelo projeto do submarino nuclear brasileiro enfrentam uma defasagem salarial de 24%, além de denunciarem diversos problemas fruto da má gestão da empresa.
Estamos no mesmo barco
Para o Sindsef-SP, a situação dos trabalhadores da Amazul se assemelha com a dos servidores públicos federais. As perdas salariais de ambas as categorias estão sendo aprofundadas devido às limitações impostas pela política do Arcabouço Fiscal do governo Lula que, seguindo a mesma lógica dos nefastos e péssimos governos anteriores, impõe um severo regime de austeridade fiscal que afeta todos os trabalhadores e, em particular, os servidores públicos e também das estatais. É contra esta política econômica, que continua privilegiando os milionários de sempre, que estamos nos enfrentando. Nossa luta deve ter como meta reverter essa política econômica que ataca os serviços públicos, precariza as condições de trabalho e mantém milhares de brasileiros no limite da miséria.
Não bastasse manter a política econômica que beneficia os banqueiros, o governo Lula adotou uma postura intransigente e até desrespeitosa com os servidores públicos federais que estão em luta, a exemplo dos servidores da área ambiental, que compreende o Ibama e o ICMBio, e dos servidores do INSS. É inaceitável e escandaloso, que um presidente, ex-dirigente sindical, tome medidas antissindicais como a criminalização do direito de greve, recorrendo ao judiciário, com a exigência de multas diárias absurdas, e corte salarial. Um governo que quer fazer “o serviço completo” contra os trabalhadores: nos ataca e não aceita que usemos nossas legítimas ferramentas de luta para nos defendermos.
No caso da Amazul, a negociação também não avançou, e por isso os trabalhadores e as trabalhadoras se viram obrigados a deflagrarem a greve. A proposta da empresa se manteve em um ridículo reajuste de 3,54%, que nem cobre a inflação do período. A data-base da categoria venceu no dia 1º de abril. Uma reivindicação justa seria que os trabalhadores civís da Amazul tivessem os mesmos níveis salariais e benefícios dos militares, e sempre a mesma correção salarial!
Não ao racismo institucional!
A campanha salarial dos trabalhadores e das trabalhadoras da Amazul acontece em meio ao recente escândalo em que o dirigente da empresa está envolvido.
De acordo com denúncias veiculadas pela imprensa, o capitão de Mar e Guerra da reserva da Marinha, João Ricardo Reis Lessa, é acusado de chamar de ‘chipanzé’ o cabo Pedro Jorge da Rocha, que é negro, durante um dia de trabalho.
O racismo institucional também foi escancarado em outubro do ano passado, quando o Ministério Público Federal (MPF) solicitou, por meio de uma ação civil pública, a suspensão do concurso público da Amazul por suposto descumprimento da Lei de cotas raciais.
É preciso uma forte campanha de denúncia contra estes crimes racistas, que não podem ficar impunes!
Toda solidariedade aos trabalhadores da Amazul!
O Sindsef-SP expressa sua solidariedade aos trabalhadores da Amazul, reconhecendo a importância de sua luta por salários justos e melhores condições de trabalho. Entendemos que a greve é um instrumento legítimo de reivindicação e estamos ao lado dos trabalhadores neste momento crucial.
Temos orgulho de ter sido parte ativa no início da auto-organização dos trabalhadores e das trabalhadoras da Amazul e ficamos felizes de constatar que a categoria segue unida.
Continuaremos acompanhando e apoiando-a em suas demandas e reforçamos nosso compromisso com a defesa de todos os trabalhadores, sejam da iniciativa privada, do serviço público ou das empresas públicas. Juntos, somos mais fortes! A solidariedade entre os de baixo é fundamental!