Um dia, uma mãe, uma mulher negra, sai na Serrinha.
E cata tábua quebrada, na obra de construção da TV Anhanguera Goiânia, afiliada da Globo.
Precisa acender o fogo na trempe, no fogão feito de tijolo quebrado, do lado de fora do barracão de adobe, no relento.
Ela volta com pregos pra vender no quilo e comprar a comida…
Um dia, uma menina sai sozinha com 8 anos, na Serrinha.
Vai no final da feira, às 13h.
Cata tomates, folhas de alface e de couve, pra poder comer…
Um dia, uma mãe, uma mulher negra, sai junto com a vizinha na boca da noite, e vão procurar ferro pra vender…
Ela está desgostosa da vida, bebe muita pinga e tenta se enforcar.
A vizinha acode e a leva de volta pra casa.
O acontecido aumenta a tristeza nos rostos, nos 6 filhos pequenos.
As vidas continuam…
À noite, uma meninada, sentada no banco velho de madeira e, de pernas moles, olha pro céu…
Contam as estrelas.
(Maria da Rocha)