Em 25 de abril de 1974, há exatos 51 anos, uma gigantesca mobilização política e social tomou conta de Portugal e depôs o regime ditatorial de Antônio Salazar, vigente desde 1933. A mobilização deu início a um processo que culminou na implantação de um regime democrático, com importantes conquistas sociais.
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O movimento teve início com as reivindicações corporativas na base das Forças Armadas e foi decisivamente impulsionado pela massiva adesão dos trabalhadores e da população, que reivindicavam democracia, paz, pão, habitação, saúde, educação e empregos.
Revolução e cultura
A senha para o início do levante foi dada à meia-noite, por meio de uma emissora de rádio, com a transmissão da música Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso — proibida pela censura. Com a queda do regime de Salazar, a população saiu às ruas distribuindo cravos, a flor nacional, para comemorar o fim da ditadura.
Poder popular
O povo português experimentou formas concretas de poder popular e vivenciou conquistas importantes da revolução, como o direito à greve, férias pagas, criação do Serviço Nacional de Saúde, do Salário Mínimo Nacional, da Segurança Social e de proteções no desemprego e na doença. Chegou-se a vislumbrar acabar com o capitalismo e construir uma sociedade governada pelos próprios trabalhadores, sem exploração nem opressão. Não por acaso, a Constituição portuguesa de 1976 diz que Portugal caminha para o socialismo – uma sociedade sem classes.
Tudo que não avança, retrocede
As conquistas arrancadas pelas duras lutas dos trabalhadores durante a revolução de 74/75 foram sendo destruídas pelos sucessivos governos. A entrada na União Europeia serviu para afogar os conflitos sociais e aprofundou a dependência e submissão do país. A Geringonça, coalização de partidos de esquerda com o PS, PCP, Bloco de Esquerda e o Verdes, apesar da defesa de 25 de abril, governou de forma diferente: se disse de esquerda, mas manteve a austeridade e atacou os direitos democráticos mais básicos dos trabalhadores. E, agora o país se depara com o crescimento da extrema direita.
Lições
Essa revolução precisa sempre ser lembrada pela heroica mobilização dos trabalhadores e pelas lições que deixou. Duas lições são fundamentais. As reformas alcançadas foram produto da luta revolucionária e não da boa vontade e negociação com os capitalistas. Mostrou-se que não existe transição gradual para o socialismo: ou os trabalhadores tomam o poder – e nenhuma das suas direções o queria – ou a revolução retrocede.
Hoje, Portugal enfrenta retrocessos, com o avanço da extrema direita e ataques aos direitos de trabalhadores e imigrantes. As lições de 25 de Abril seguem atuais: direitos se conquistam na luta coletiva, não vêm de cima.
O Sindsef-SP se soma às vozes que celebram essa revolução.
Viva a Revolução dos Cravos!
Viva a luta dos trabalhadores!